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terça-feira, 21 de maio de 2013

Picos e quedas

Hoje queria partilhar convosco o que ando a fazer em termos de gestão da insulina. Desde há umas 3 semanas que comecei a estar sempre alta. Os e as diabétic@s que lerem isto, reconhecem o cenário: acorda-se de manhã  e está alto. Dá-se insulina para descer e comer mas daí a uma hora ou duas: alto. Dá-se mais um toquezinho de insulina para descer e, das duas uma, ou fica fixe mas ao almoço lá sobe outra vez ou então uma hipo mas mais tarde volta a subir. Uma pessoa pensa: que se passa?! Estou a comer o mesmo, a fazer o mesmo, a sentir o mesmo (estado de espirito, stress, etc) porque é que a mesma insulina não resulta como é costume?
Bem, fiz a pergunta vários dias, aguardei para ver se estava a ficar doente - não estava, e como a coisa se manteve igual, concluí: posso não saber exatamente o motivo mas o meu corpo está a precisar de mais insulina.
Decidi então aumentar a lenta.  Resultou. Agora tenho que descer, entrei na fase das quedas, desde ontem que estou a ter hipos.
Há algum tempo que aprendi que temos que interpretar o que se passa, com base naquilo que sabemos sobre as lógicas do funcionamento metabólico em geral e sobre nós em particular. No meu caso, volta e meia acontece-me fases destas, "altas", e que geralmente coincidem com alturas em que eu ando a mil à hora e a pensar muito pouco na diabetes. Quando depois paro e dedico mais tempo a mim mesma, tomo medidas e as coisas geralmente melhoram.
Por isso, é importante refletir sobre as glicémias que estamos a ter e o seu porquê.

Entretanto hoje tive um pico a meia da tarde porque dei... uma grande queda!
A escalar.
Penso que foi a minha primeira queda a sério à frente. Quando estava mesmo quase a montar a última express antes do topo, caí. Soltei um grande grito, dos clássicos mesmo, "AHHHHHH!!!!" e depois fiquei pendurada a olhar para a rocha e a reprocessar.
Foi na "minha" via, a Essauira, que eu já abri duas vezes mas hoje não sei que se passou. Estava talvez cansada porque tinha feito outras vias antes e a útima foi uma via extraprumada mas estava até toda contente porque, apesar de ter sido em top rope, a tinha conseguido fazer.
Contudo, o balanço da coisa foi positivo porque senti - na pele - que cair é só cair. E, como para a diabetes, para evoluir há que perceber o porquê dos problemas pelo que ainda fui lá outra vez, se bem que em top!

O antes
O depois


E o durante!

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Tipos!

Nós gostamos de pôr tudo em caixinhas! Mas às vezes não há caixinhas para nós... Há 2 anos fui diagnosticada como diabética tipo 2, mas passado algum tempo ficou claro que a medicação para a diabetes tipo 2 não funciona comigo e passei a tomar insulina. Então muitas vezes me perguntam: "Mas afinal és o quê?? Tipo 1 ou tipo 2??" E a verdade é que não é assim tão fácil de responder…

A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune: as células produtoras de insulina são destruídas porque o organismo as identifica como corpos estranhos. Sem insulina, a glicose não chega às células, que precisam dela para produzir energia, sendo por isso preciso tomar injeções de insulina. Não se sabe ao certo por que as pessoas desenvolvem diabetes tipo 1. Há casos em que as pessoas têm genes que as predispõem à doença. Pode também resultar de uma causa externa como por exemplo uma agressão por determinados vírus.

A diabetes tipo 2 caracteriza-se por graus variados de diminuição da secreção de insulina ou aumento da resistência à insulina. Mesmo havendo produção de insulina, há alguma incapacidade de absorção da glicose pelas células. Normalmente o tratamento passa por uma alteração da dieta e exercício físico. Outras vezes é necessário tomar também medicamentos orais e, por vezes, a combinação destes com a insulina.

E eu, onde estou? Inicialmente fui diagnosticada como tipo 2. Tinha valores de glicemia mais elevados do que os normais mas claramente ainda produzia alguma insulina. Mas era uma tipo 2 estranha, sem nenhum dos factores que normalmente são considerados de risco (obesidade, sedentarismo). A certa altura os meus valores de glicemia começaram a ser demasiado elevados e a não reagir a medicamentos orais. Ou seja, deixei de produzir insulina em quantidade suficiente e a precisar de a tomar. Não sei se ainda produzo alguma ou se já não produzo nada. Não sei se tecnicamente sou tipo 1 ou tipo 2. É possível até que seja “tipo 1,5” ou LADA, que é uma situação mais rara em que a diabetes insulino-dependente (ou autoimune) se desenvolve já na idade adulta e de uma forma mais lenta que na tipo 1… portanto sou uma diabética meio indefinida e às vezes nem sei o que responder... serei bi??? mas o nome realmente não interessa muito. É mais importante aprender a viver com a diabetes e a insulina nesta relação cheia de altos e baixos mas que é com toda a certeza para a vida...

terça-feira, 7 de maio de 2013

Bolsas para conservar a Insulina

Bolsa Freego para 2 canetas de insulina
No fim de semana que passei na serra da estrela apercebi-me de que neste tipo de actividades transportar e conservar a insulina a temperaturas adequadas pode ser um problema.

Costumo fazer muitas atividades em que estou muitos dias a escalar e acampar nas montanhas ou até no deserto. Às vezes estou o dia todo ao sol e é impossível manter a mochila a temperaturas aceitáveis para não estragar a insulina. Pensar que a insulina se podia estragar a meio de uma semana nas montanhas, no meio do nada, é um bocado assustador...

Por isso quando voltei resolvi investigar soluções. Descobri que existem no mercado umas bolsas que conseguem manter a insulina à temperatura adequada. Basta mergulhar a bolsa em água para activar os cristais que estão dentro da bolsa que fica fresca durante vários dias. E quando deixam de ter efeito, basta voltar a submergir-la em água durante alguns minutos para voltar a ter o efeito desejado. Quando descobri estas bolsas, falei com a Freego e eles acabaram de me enviar uma para experimentar nas minhas actividades :)

Vou testá-la já no próximo fim de semana quando for escalar e depois hei-de contar a experiência por aqui. Mas até lá gostaria de deixar aqui um MUITO OBRIGADA à freego!


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Maratona na Polónia

A semana passada estive na Polónia. Foi uma viagem atribulada porque a Lufthansa resolveu fazer greve no dia em que eu ia viajar! Levei quase 48h para chegar ao meu destino mas depois valeu a pena! Adorei a Polónia. Tratou-se de uma viagem profissional, fui lá dar aulas. Mas juntei o útil ao agradável e no domingo antes de regressar fui fazer a maratona de Cracóvia. É uma prova muito bonita, passa pelo centro histórico e os últimos 10 kms são à beira rio. Para além disso estava muito bem organizada e abastecida e apesar de não ser o festim das maratonas maiores, como a de Berlim (link para esse post) há sempre apoio popular ao longo de toda a prova, estava de chuva mas mesmo assim as pessoas foram até ao trajeto para dar força ao pessoal!

O meu objetivo era a meia maratona, eu não estava devidamente treinada para uma maratona. Depois da meia descontraí e até andei e só fui até ao final porque era o meu ponto de encontro com o Paulo, que estava a correr a prova toda. A diabetes esteve bem, optei por não dar a lenta de manhã, acordei com 70 mas comi e comecei a prova nos 200 o que para mim é bom. Bebi Isostar mais ou menos de 6 em 6kms. Os abastecimentos eram de 3 em 3kms mas nalguns bebi apenas água; ficaria demasiado alta se bebesse sempre isostar além de que muito enjoada. A partir da meia comi também banana. Eles davam chocolate mas para mim não dá, enjoa-me. Acabei com 280, o que é um pouco alto mas é preferível a ter uma hipo a meio. Nestas provas de longa duração prefiro optar pela segurança e manter-me um pouco mais alta e depois de acabar já posso baixar. Na verdade depois vai descer e bastante; é preciso ter isso em conta visto que a insulina que se der em seguida vai fazer muito efeito; geralmente opto por dar pouco - 2 ou 4 unidades (dependendo também do que vou comer) e fazer mais glicémias para ir vendo a evolução da situação.

Fiquei bem partida mas agora já passou e ontem já fui escalar para Penha Garcia. Fazendo um balanço, tenho tido uns excelentes fins de semana - Girls on the rocks, Maratona de Cracóvia, escalada em Penha Garcia; o que é excelente para compensar porque as semanas têm sido duras em termos de trabalho.