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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A diabetes e os treinos

Eu adoro escalar e faço de tudo para evoluir. Leio sobre treinos específicos, estratégias de periodização, cargas, tempos necessários para o descanso e a recuperação, alimentação, etc. E  pergunto-me muitas vezes sobre como é que a diabetes pode ou não afectar tudo isto.

Á partida, se conseguirmos manter um bom controle glicémico, o impacto na capacidade de treino e de recuperação pode ser baixo. Mas há que ter algumas coisas em conta. Por exemplo, as reservas de glicose disponíveis para entrar em ação durante um período longo de esforço físico são menores num diabético. Os mecanismos para repôr essas reservas após o exercício também são diferentes. Por isso, e como quero ser capaz de dar o meu máximo, quero perceber estes mecanismos o melhor possível.

Procurei informação e deparei-me com artigos científicos um bocadinho complexos, até para uma bióloga...

Excerto de um dos artigos que estou a (tentar) ler

...uoouuuuuu... calma... isto tem de ser digerido!
Mas acredito que quanto mais perceber tudo isto, mais eficazes vão ser os meus treinos e mais resultados vou ter.

domingo, 1 de setembro de 2013

Insulina na montanha

Segundo Largo da Blues        
No 4º largo da Blues. Como se pode ver, a via
é bastante vertical e sem grandes locais para
parar e medir glicemias confortavelmente.

Como já é costume nesta altura do ano, fui para as montanhas escalar vias grandes. Fui para Cavallers, nos Pirinéus Espanhóis, onde já tinha estado. Por aí nada de novo. A novidade foi que primeira vez fui com a minha nova companheira inseparável - a insulina!

Já uso insulina há uns meses largos, mas ainda estou a aprender a ajustar as doses consoante o esforço físico que faço. Já escalei muito entretanto, mas esta foi a primeira vez nas montanhas, onde as condições são bastante diferentes. Por isso, embora fosse com algumas estratégias definidas, fui numa de principalmente fazer experiências, começando com vias relativamente curtas para aprender como o meu organismo reage e gradualmente ajustar as minhas estratégias a escaladas maiores.

Por causa do mau tempo que apanhei, acabei por apenas fazer duas vias maiores, mas a experiência correu bastante bem. A primeira tinha uma aproximação pequena e um prado a meio onde pude medir glicémia, comer, descansar e por isso acabou por ser quase como um dia "normal" de escalada.

A segunda via grande, a BLUES, já foi um desafio maior. Embora tivesse apenas 240 metros de escalada, tinha uma aproximação grande e com um grande desnível. Para além disso é uma via bastante continua e sem muitos locais a meio onde seja possível fazer medições ou usar insulina.

Gosto de fazer um bom treino aeróbico durante o ano para ir para as montanhas em forma, mas este ano, por causa da lesão no pé, isso foi impossível. Por isso já sabia que as caminhadas de aproximação às vias iam ser exigentes e iriam alterar o meu ratio carbohidratos/insulina. Ou seja, estava a contar que assim que fizesse caminhadas mais puxadas tivesse que reduzir a insulina ou aumentar o consumo de HC para não ter hipoglicemias.


A caminhada para a Blues correu muito bem: bom ritmo e boas
A medir a glicemia na reunião mais espaçosa
de toda a via
medições (151 no início e 109 no final com uma banana a meio). Mas depois da caminhada cometi um erro. Como já estava a contar com o tal efeito grande, antes de começar a escalada comi e não dei insulina nenhuma. Resultado, ao fim de 2 largos de escalada (cerca de 70 metros) estava com uma glicemia de 199. Um bocadinho acima do que eu gostaria. No entanto preferi não dar insulina para não arriscar uma hipoglicemia e continuei a escalar. Pouco depois os valores entraram na normalidade e desfrutei imenso da via que era absolutamente magnífica! A partir daí fui comendo pequenos snacks (sobretudo frutos secos) e nunca usei insulina.

No fim da via medi a glicemia - 123 e a cetona - 0,2. Muito bom! Por curiosidade medi a cetona ao meu companheiro de cordada que não é diabético e ele estava com 0,4...

As vistas do topo da Blues :)