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terça-feira, 30 de agosto de 2016

Dieta cetogénica e diabetes - Parte 1

Como disse aqui, não andava satisfeita com os meus resultados a nível de controlo de glicémias. Em média, até andavam controladas, mas tinha hipos e hipers com alguma frequência. Não só quando “falhava” a contagem de hidratos porque comia qualquer coisa 1 bocado diferente, mas também noutras situações em que não parecia ter feito nada errado.

Entretanto, como gosto de ler sobre desporto e nutrição, deparei-me com a dieta cetogénica (ketogenic diet). Há quem a confunda com outras dietas baixas em hidratos de carbono como a dieta Atkins ou a dieta Paleo. Mas a dieta cetogénica é bastante diferente num aspeto muito importante: a sua ideia de base é alterar o metabolismo (e a principal fonte de energia usada pelo organismo), não é permitir ou proibir certos alimentos. Passo a explicar:

A dieta cetogénica pretende adaptar uma pessoa a usar gordura (cetonas) como principal fonte de energia em vez dos hidratos de carbono. Para se conseguir isto, temos de limitar muito a quantidade de hidratos de carbono que ingerimos.

Esta ideia – usar cetonas como principal “carburante” – fez-me sentido porque, como diabética tipo 1, eu não consigo metabolizar hidratos de carbono de forma perfeita. Como o meu organismo não produz insulina, eu tenho de calcular quanto é que ele precisa desta hormona a cada momento e dar-lha. E muitas vezes este cálculo corre mal porque é altamente complexo e envolve imensas variáveis (alimentação, desporto, stress, repouso, hormonas, saúde, etc.).

Por isso procurei mais informação sobre esta dieta e sobre o seu uso no controlo de diabetes. Aprendi imenso, ainda estou a aprender neste momento, e algo me diz que ainda tenho muito para aprender...

Aprendi que não é algo que se possa começar de ânimo leve. É preciso informarmo-nos muito bem e percebermos o que fazer e como. Ou corremos o risco de fazer tudo mal e pôr a nossa saúde em risco. E por isso, me tenho sentido algo relutante em escrever sobre isso. Porque não quero de maneira nenhuma incentivar outras pessoas a seguirem esta dieta de ânimo leve. É algo que poderá fazer sentido para outras pessoas como fez para mim, mas tem de haver muito empenho da sua parte. Por isso, vou fazer 1 série de posts sobre esta dieta, com informação detalhada de modo a que outras pessoas possam estar bem informadas caso queiram também experimentá-la.

Algumas ideias importantes que gostava de partilhar (e espero desenvolver nos próximos posts):


  1. O que é e o que não é a dieta cetogénica – as bases científicas do que esta dieta faz ao nosso metabolismo e organismo
  2. A dieta cetogénica para um diabético – não é só o que se come, a quantidade e a periodicidade da insulina também ajuda ou dificulta a produção de cetonas e a adaptação a esta dieta; os benefícios, para 1 diabético são também muito diferentes dos típicos “redução do peso e do apetite” ou “melhor desempenho atlético”. Para mim, o mais importante é mesmo o controlo muito maior da glicémia.
  3. Desporto à base de cetonas – subtilezas a aprimorar para não ficar sem gaz a meio da atividade (aqui ainda ando a fazer experiências...)
  4. Resultados até aqui (e, possivelmente, o que ainda terei de aprimorar no futuro)