Face Oeste do Pico Urriellu |
Hum… a escalada nos Picos de Europa… como descrevê-la?
Segundo um Asturiano que por lá conhecemos: “Ai que tener-lo consolidado!” o
que traduzido para português dá qualquer coisa como “escalada dura, duríssima,
exposta, aérea, mental… portanto não te armes em esperto... e na dúvida, não
penses muito, segue para cima... e reza a todos os santinhos…”
Postas as coisas assim, até que a
experiência correu bastante bem. Comecei com uma lição de humildade dada pela Murciana,
uma via na estupenda face Oeste do Urriellu (na foto). Começámos um pouco
tarde, mas até estávamos a deslizar bem via acima até chegarmos aos largos de
artificial.
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A fantástica via "Espolon Sur" no Cueto Agero |
A falta de experiência neste tipo de escalada fez-nos demorar e
cansar muito mais do que estávamos à espera. Quando acabámos percebemos que não
teríamos tempo para acabar a via de dia e, com muita pena resolvemos descer.
Depois de uns dias a descansar nos vales e na praia e de um dia de escalada
desportiva, muito mais tranquila, voltámos a atacar os picos. Fiz a maior via de
sempre – o Espolon Sur no Cueto Agero – que incluía 1 hora a caminhar até à base e 540m de
escalada e também a via mais assustadora de sempre – o Gran Diedro de Peñalba –
em que a rocha era tão podre que a tinha de agarrar e pisar com o máximo
cuidado. Nunca dei tanto valor ao meu capacete!
Enfiada no grande diedro do "Gran Diedro" Podre
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Até podia dizer que pelo
menos tinha valido a pena pelas vistas, mas a escalada foi tão stressante e tão
demorada (estivémos mais de 10h na via a tentar escolher o caminho menos mau, a
tentar fazer reuniões com uma protecçãozinha em que confiássemos…) que nem
apreciei as vistas lá de cima. Sabia que ainda tinha de fazer 3 rappéis pela
outra face da torre (que desconfiava serem também em terreno escabroso) e
encontrar o caminho de regresso que não conhecíamos. E não queria acabar de
noite… resumindo: estive quase sempre em stress primeiro para não morrer
agarrada a um calhau em queda livre, depois para tentar sair dali ainda de dia.
Quando chegámos ao chão comecei a debitar todos os palavrões que conhecia.
Quando acabei, repeti-os em espanhol, depois em francês e quando estava a passar ao inglês, chegámos ao refúgio do Collado Jermoso, lembrei-me que estava com
uma fome desgraçada e esqueci a via para me focar a 100% num belo Macarroni 3
quesos!
As glicemias?? Não faço ideia... não parei para medir... mas devem ter andado ao rubro com tanta adrenalina. Baixas não andaram porque não queria arriscar ter 1 hipo por ali e fui sempre engolindo barras...
Mas as experiências não foram todas assim tão extremas! Pelo meio fizemos a via "Divertimiento" na Peña de Regaliz, muito tranquila e em rocha muito sólida. Foi realmente pura diversão!
Na via "Divertimiento" |
No topo do divertimento... |
... a descansar do divertimento |
Muito bom, tivemos quase quease para ir ao Cueto Agero, tem muito bom aspecto.
ResponderEliminarContinuem a escalar picos.
Beijos
Natália
:) o Cueto Agero é mesmo muito bom! daquelas do "grau consolidado"...
ResponderEliminarbjs
No meio de tanta aventura assim, sem medir a glicemia? A Catarina não pode fazer isso...rs...Aventura sim, não medir a glicemia, não...rsrsrs...Bjs!
ResponderEliminarLindo demais esse lugar!!!
Olá Dani! É complicado... às vezes estamos envolvidos em coisas tão complexas e tão absorventes que a diabetes fica suspensa. Não quer isto dizer que fazer isto é correto ou recomendável, nada disso! Mas a verdade é que por vezes te esqueces. Eu aconteceu-me na aula de surf por exemplo. É importante depois refletir sobre isso e pensar como podemos fazer para a próxima para não esquecer e não correr riscos porque mesmo indo pela via "sempre a comer, sempre alto" nem tudo está garantido, que aposto que é uma das muitas coisas que a João aprendeu este Verão!
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