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quarta-feira, 21 de março de 2012

Diabetes tipo 1: o início

A minha história é muito diferente da Maria João. Eu hoje praticamente já não me lembro de não ser diabética… fui diagnosticada aos 8 anos de idade e o que prevalece na minha memória dos meses pré diagnóstico é uma sede terrível tinha perdido 5 kgs em 2 meses e a minha mãe estava super preocupada o que fazia com que eu bebesse água às escondidas para ela não ficar pior. Não me sentia cansada e nunca cheguei a entrar em coma, o meu pediatra desconfiou quando viu as minhas análises e mandou-me logo para um especialista de endocrinologia.

Durante muito tempo a diabetes foi não comer doces e dar as picas. Tudo ok até ter cerca de 13 anos. Aí comecei a ficar danada por não poder comer o que os meus colegas e amigos comiam. Quando no final da adolescência o médico explicou que agora o teste à glicemia era no sangue, eu odiei aquilo e simplesmente continuei a fazer testes na urina… a afinidade entre mim e o meu médico também não era das melhores…aos 18 anos disse-me “Parabéns! Dez anos de diabetes e ainda não tens problemas na visão! O mais normal seria teres!” A partir dessa altura, em todas as consultas me perguntava quando eu pretendia engravidar, visto que, como diabética, era bom que fosse depressa! Farta desta conversa, procurei outros médicos mas sem sucesso, não sentia empatia com nenhum. Entretanto desde miúda que sempre fiz alguma atividade física, muito graças à diabetes, visto que primeiro os meus pais e depois eu própria, sabíamos que fazer desporto era benéfico para o controlo metabólico. Para além disso, tinha (e tenho) um pai atlético. Daí que tenha começado pela vela mas (desculpa-me pai) nunca foi o meu estilo! Contudo adorava a água pelo que no final da adolescência os meus dois desportos, que praticava regularmente, eram a natação e a corrida. A corrida surgiu por acaso, através de um amigo, e foi ficando, fui correndo, sem material de jeito, sem objetivos, apenas porque me sentia bem a “sacudir os ossos”.

Aos 25 anos conheço a AJDP http://www.ajdp.org/ que nesse verão de 2000 tinha o projeto de ir aos Alpes. O montanhismo era algo que me atraía imenso mas que eu tinha dificuldade em entrar visto que não se faz sozinho e os meus amigos da altura não faziam desporto quanto mais montanha. A partir desse momento a minha vida mudou bastante, para melhor. Passei a ter companhia para correr e objetivos para os meus treinos. Comecei a fazer meias maratonas e em 2008 fiz a maratona de Berlim .


Para além disso passei a ter gente com quem conversar sobre o meu controlo da diabetes e conheci uma excelente médica que é uma grande desportista. Passei a fazer montanhismo e desenvolvi uma paixão tão grande pela montanha que vejam onde eu moro hoje: Covilhã (Serra da Estrela, o ponto mais alto de Portugal… não foi por acaso!!).
Depois a partir de 2008 comecei a escalar e mais uma vez percebi que, como com a diabetes, podemos progredir e fazer melhor a cada dia.
Aquilo que era sobretudo um meio de controlo da diabetes, o desporto, passou a estar presente diariamente na minha vida e ainda a ser a minha principal atividade de tempos livres. Gosto de fazer outras coisas, como ir ao cinema ou a concertos mas escalar e fazer trekkings são geralmente os meus planos de fins de semana e férias porque descontraio e me divirto imenso. Às vezes penso, se eu não tivesse ficado diabética, será que hoje também faria estas coisas? Nunca poderei saber mas claramente este é um lado bom da (minha) diabetes!!

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