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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Picos de Europa

Na caminhada até à base do Urriellu
A medir a glicemia numa das subidas
Com a troca de última hora dos Pirinéus pelos Picos, estava um pouco apreensiva, afinal não era para os Picos que me tinha andado a preparar. E as diferenças são bastantes – o tipo de rocha, o tipo de escalada, as aproximações. Para escalar nos Picos, é preciso caminhar muito o que implica levar tenda e acampar, implica outra logística e implica andar muitos quilómetros em terreno íngreme com uma mochila super pesada que para além do material de escalada inclui tenda, saco-cama, roupa, comida para vários dias, fogão, panela, etc… E, ao contrário do que eu pensei, essa é a diferença mais importante.

Escalada em Vega de Liordes
Na grande subida para Vega de Liordes
Na primeira caminhada de aproximação ao Pico Urriellu, fiquei logo com uma hipo. E nos 3 dias que acampei no Urriellu, tive várias… cometi dois erros: primeiro não percebi que subir com quase 20 quilos às costas implica maiores gastos energéticos do que apenas com o material de escalada (na primeira paragem que fiz depois de 1h30 de caminhada já estava em hipo). O meu outro erro foi levar comida mesmo à continha para não ir muito pesada. Estupidez! Estava sempre a contar as barras que ainda tinha e afinal se tivesse levado mais umas ou mais 1 pacote de bolachas não ia fazer grande diferença…

A nossa "fonte" no prado de Vega de Liordes
Na segunda incursão às montanhas, fomos por 6 dias para a parte Sul dos Picos. Acampámos em Vega de Liordes e no Collado Jermoso, dois locais lindos. Ia mais pesada (com mais comida) e a primeira caminhada era bastante exigente, sempre a subir, em terreno instável. Mas como já vinha com a lição aprendida, correu muito melhor. Comi bem antes de começar e depois comi uma barra ou gel ou chocolate a cada 45 minutos. Parece um exagero, mas funcionou na perfeição!

Depois dos 3 dias no Urriellu, precisei de 2 ou 3 dias para me recuperar totalmente. Acho que esgotei grande parte das minhas reservas de glicose dos músculos e fígado e ainda entrei pelas de gordura (valores de c.cetónicos de 0.3). Mas depois dos 6 dias no Sul, estava quase como nova! Acho que não cheguei a ir às reservas. Esta experiência fez-me perceber um bocado melhor como o meu corpo vai utilizando as reservas de energia. O mais engraçado foi que o meu companheiro, mesmo não sendo diabético, também começou a comer mais regularmente por de alguma forma estar sensibilizado e também notou que não ficou tão cansado nem com tanta vontade de comer montes de porcarias no regresso à “civilização”…
As vistas no caminho para o Collado Jermoso

Acabei por aprender bastante com esta experiência, e voltei a surpreender-me com o efeito da actividade física nas glicemias. Mesmo sem tomar o gludon (que tomo todos os dias para estimular a produção de insulina) e comendo bastante, estive a maior parte das férias com glicemias bastante baixas. Quanto à escalada correu muito bem. Mas isso fica para contar mais tarde...

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