
Nos últimos 15 dias andei pela Jordânia e a viagem correu
mesmo bem a todos os níveis. Escalei imenso, passeei imenso e diverti-me ainda
mais. Para além disso tenho andado com um óptimo controlo glicémico o que me
deixa ainda mais contente.

Eu e o Mário, o meu companheiro, começámos a viagem com alguns contratempos e a adaptação ao
Wadi Rum não foi fácil. Por lá é tudo muito diferente e um bocado extremo: montanhas, calor, frio, vento, tempestades de areia, chuvadas…
Num momento podemos estar a derreter ao sol e no momento seguinte, quando
ficamos à sombra ficamos a tremer de frio. A rocha também pode ser excelente e
uns metros acima começar a desfazer-se, tocamos-lhe e pulveriza-se em areia! Como
não tínhamos experiência a escalar arenito, os primeiros dias foram de
adaptação, até começarmos a saber ver em que rocha podemos confiar e quando é que é necessário cuidado extra.
A orientação também não é nada fácil. O terreno é um pouco
labiríntico, com as montanhas a serem cortadas por “siqs” (canyons) e cheias de
plataformas intermédias e torres por cima de outras torres. Ou seja, a
orientação é muito mais tridimensional do que estou habituada, havendo vários
níveis de montanhas e torres interligados por canyons.

Nos dois primeiros dias fizemos umas escaladas que não nos deixaram muito confiantes por não estarmos muito habituados à rocha. No terceiro dia acordámos cedo para fazer
uma via beduína (os caminhos que os beduínos fazem pelas suas montanhas há
muitas centenas de anos). Depois de caminhadas, trepadas e escalada em rocha
duvidosa, chegámos a um patamar que tinha uma vista excelente, mas que não
tinha nada a ver com o local onde deveríamos estar… o pior era o facto de voltar tudo para
trás não ser nada fácil. Como não dava para destrepar, tivemos de montar rappeis em rocha que se
desfazia... medo!!!
Mas depois destes primeiros dias atribulados, as coisas começaram
a fluir. Habituámo-nos ao tipo de rocha e de escalada e começámos a
orientar-nos melhor. Escalámos fissuras, chaminés, diedros e placas. Fizemos
“caminhos beduínos”. Dormimos no
deserto...

Em relação às refeições, também correu tudo melhor do que eu estava à espera. Como sou semi-vegetariana (não como carne) estava com algum
receio da comida. Mas a comida na Jordânia é bastante variada e sempre
acompanhada com imensos vegetais, saladas, molhos de yogurte e de hummus (pasta de grão)… por isso acabei por comer sempre bem. Mesmo
no Wadi Rum, que é desértico e mais isolado, encontrei sempre bastantes
vegetais e até fruta. A única coisa que não correu tão bem foi o pão.
Normalmente só têm o pão tipo pita que descobri não me fazer nada bem,
provocando-me hipers. Felizmente encontrei algumas alternativas como um outro tipo de pão, torrado, que resolveram o problema.